. The end
Já passou quase um mês desde que regressei a Portugal mas parece que já passou muito mais. A sensação que tenho é que o tempo que passei fora já foi há muito tempo atrás. Acho que é porque enquanto lá vivia para o dia, o momento presente era o mais importante, aqui vivo a pensar no amanhã, no que vou fazer no futuro. E também porque lá eu sentia-me diferente, tudo tinha um sabor especial, era um constante turbilhão de emoções à flor da pele. Aqui parece que voltei ao que era antes com algumas mudanças. Sinto tudo de maneira diferente.
Tenho trocado emails com a família. Tenho cada vez mais saudades dos miúdos e das brincadeiras deles, das coisas espertas que diziam às vezes... Deixa-me um pouco triste porque estamos tão distantes mesmo continuando a falar... Well life goes on..
Aproveitei este tempo como férias. Mas agora está na altura de começar a mexer-me. Até já sinto falta de ter algo para fazer, de ter responsabilidades. Vou começar a procurar um emprego, a tirar a carta de condução e voltar a treinar karaté. E, entrentato, vou estudando para os exames de acesso ao ensino superior do próximo ano, apesar de que, com a minha média, não ter quase nenhuma esperança de conseguir entrar naquilo que quero que é Medicina, pelo menos em Portugal. Depois deste ano fora, tenho uma perspectiva diferente da vida e, por isso, estou disposta a fazer o que puder para seguir aquilo que realmente quero, até mesmo estudar no estrangeiro. Os meus pais é que não estão nada a contar com isso mas pronto, isso será uma batalha que terei de enfretar proximamente pois as candidaturas ao estrangeiro estão perto...
Estou super contente por ter partido para estar aventura e ter relatado sobre ela pois assim posso sempre ler os posts e relembrar tudo como se estivesse lá. Esta experiência tornou-me uma pessoa mais aberta, mais madura, mais confiante, mais consciente.
Quero agradecer a todos os que me apoiaram nesta aventura, à minha família e às minhas amigas, bem como, às pessoas que tornaram esta experiência fantástica, à Kirsten, ao Jeroen, ao Alex, ao Barend e à Claude. E também queria agradecer a todos os visitantes do blog e principalmente, áqueles que deixaram comentários que sentiam-se como incentivos à continuação do blog. A todos um grande obrigado.
I want to thank everyone that supported me during my time as an au pair, my family and my friends, as well as, everyone that made that time wonderful, Kirsten, Jeroen, Alex, Barend and Claude. I also want to thank all the blog visitors and specially the ones that wrote something which motivated me to keep telling about my adventure. Thank you very much everyone!
E o blog fica por aqui. A minha experiência como au pair acabou logo o blog sobre essa experiência também tem de acabar. Talvez mais tarde crie outro blog para escrever sobre a minha experiência como estudante de Medicina noutro país who knows :)
Quarta-feira foi um dia longo e cansativo. De manhã, ao pequeno-almoço a Kirsten começou logo a chorar. Deu-me uma moldura com a foto do Alex e do Barend a fazerem caretas e um postal. Eu não estava à espera daquilo... Abraçámo-nos... O Jeroen ligou de Londres para se despedir outra vez. Depois eu fui arrumar o resto das coisas que faltavam na mala e às 11h saímos de casa. Fui o caminho todo com aquele friozinho na barriga... Quando chegámos, foi a parte mais difícil porque tivemos mesmo de dizer adeus. Primeiro despedi-me dos miúdos... Eles não perceberam o que se estava realmente a passar. Só perguntavam porque é que nós estávamos a chorar. Depois despedi-me da Kirsten... Acho que não podia ter tido mais sorte com esta família. Eles são simplesmente demais.
A seguir lá fui fazer o check-in e a mala desta vez pesava 25kg lol Tive sorte porque deixaram passar. Aproveitei para comprar lembranças da Holanda. A viagem correu bem. O avião sobrevoou o centro de Londres de forma que consegui ver o Thames, a London Eye, o Buckingham Palace, o Hyde Park, etc e também passou por Fulham. Deu-me umas saudades... Apeteceu-me chorar... No aeroporto de Heathrow tive de mudar do terminal 5 para o terminal 1 e não é que o autocarro que nos transportou tinha mais portugueses do que outra coisa. Iam todos apanhar o mesmo voo que eu. Estive um bocado em rejeição pois não queria ouvir português ali, só quando estivesse em Portugal. Mas foi engraçado. Ainda tive de esperar mais duas horas até apanhar o avião para Lisboa. A viagem para Lisboa parecia que nunca mais acabava. A ansiedade era tanta... Só me perguntava como é que ia ser ver todos outra vez. E fiquei um bocado desiludida quando o piloto anunciou que o tempo em Lisboa estava chuvoso...
Quando cheguei, tinha à minha espera os meus pais, o meu irmão, a minha madrinha e o meu primo André e a minha avó. A minha mãe começou a chorar e acha que estou mais magra lol Preocupação de mãe porque eu estou igual. Achei que estavam todos bué morenos e eu branquinha... O meu irmão e o meu primo é que estão muito diferentes, mais crescidos e com mais caparro lol Estão naquela idade em que mudam muito e rapidamente. Gostei muito da recepção :)
Estar de volta é muito muito estranho... Eu sinto-me como se estivesse a viver um sonho e que a qualquer momento vou acordar e vou estar lá outra vez. Não parece real que estou em casa, em Portugal, e que já não há mais a preocupação dos miúdos. Ter vivido tantos meses de uma forma e de repente mudar para a forma de vida que costumávamos de ter antes é uma grande mudança. Parece que já não sei o que é sentir-me em casa, estar na minha própria casa. Tenho tentado controlar-me porque por vezes dá-me vontade de arrumar e organizar tudo, tal como fazia lá. Acho que os meus pais e o meu irmão já não me podem ouvir lol E eu lá estava constantemente a ouvir línguas diferentes à minha volta e a tentar perceber que língua era e o que estavam a dizer mas aqui todos falam português e eu percebo tudo o que estão a dizer! Parece rídiculo mas acreditem que é estranho. Dou por mim com vontade de sair de casa e andar e falar de tudo o que se passou, contar coisas dos miúdos e do que visitei... Não me apetece estar parada. Mesmo que não fizesse nada de especial lá, os meus dias tinham um sabor diferente, eu sentia-me diferente, o ritmo era outro. E de vez em quando, o hábito já é tanto, que sai-me coisas em inglês. Então o thank you e o what? e dizer yes ou no, é constantemente lol Acho que vai levar algum tempo até adaptar-me a estar outra vez em casa e a estar com toda a gente outra vez e a falar sempre em português.